Antes de partirmos para a Índia, tínhamos um grande receio: iríamos gostar do país? Já é sabido que se trata de um lugar de muitos constrastes, e isso começa ao falar com quem esteve. Ou amam ou odeiam, não tem jeito.
A Índia pode chocar, mas tentamos nos preparar para isso, mesmo mal acostumados com a tranquilidade de se viajar pelo Sudeste Asiático. Também temos uma boa bagagem de África, então transportes cheios e pessoas olhando não seriam um grande choque para nós. Mas vamos ao que vimos por lá.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: ₹ 2.520 (R$ 174,50)
- Média café da manhã: ₹ 770 (R$ 52)
- Média almoço: ₹ 769 (R$ 52)
- Média jantar: ₹ 624 (R$ 42)
- Visto: brasileiros precisam de visto
- Moeda: rupia indiana (R$ 1 = ₹ 14,64)
- Dica: compre, assim que possível, um chip indiano, pois muitos sites, aplicativos e redes de Wi-Fi pedem um número local para mandar o código via SMS. O problema é que não é em qualquer loja que um turista pode adquirir o produto, e precisa ter passaporte, visto e o contato de uma pessoa local como fiadora.
* valores para fevereiro, março e abril de 2025 para duas pessoas
Calcutá
Usamos a Índia como hub para visitar outros países da região e começamos nossa viagem por Calcutá, a cidade que ganhou o mundo devido à Nobel da Paz Madre Teresa. Chegamos em um domingo, dia de jogo de críquete, e a cidade estava em polvorosa. Lembrou o caótico trânsito do Egito, talvez até um pouco pior.
Passamos uma semana em um Airbnb mais afastado do centro, pois queríamos descansar e colocar a produção de conteúdo em dia. Perto de lá tinha um parque, que aproveitamos para dar uma corridinha e sentir a temperatura (não literal) daquela região.
Vimos muitos homens, como é o normal, se exercitando, e algumas mulheres, quase sempre com uma camiseta larga até a metade da coxa —a exceção foi uma senhora corredora de shorts. E também presenciamos em uma determinada área moradores de rua que adotaram o lugar como “abrigo”, nada fora do comum para quem vem do Brasil.
Ali perto também tinha um shopping com cinema, onde assistimos a “Furiosa: Uma Saga Mad Max” (mesmo quem vive na estrada arranja um tempinho às vezes para isso). No shopping, um misto de Ocidente e Oriente, pois tinham redes de fast food internacionais e locais, lojas das marcas que conhecemos, mas também outras com saris.
Já a população circulava ali numa mistura de calça e camiseta (ou camisa) e roupas tradicionais. Até chamávamos um pouco de atenção, mas nada demais.
Foi apenas na nossa segunda passagem por Calcutá que ficamos em uma área mais central e demos uma volta para conhecer alguns pontos turísticos —e nem nos impressionamos com o trânsito, pois voltávamos do Bangladesh.
Não são muitos os atrativos turísticos, mas é uma cidade interessante. Passamos pela antiga casa da Madre Teresa de Calcutá (com direito a lojas de suvenir em frente), pela College Street e sua imensa coleção de sebos pelas ruas e fomos ao Indian Coffee House, ponto de encontro de intelectuais que participaram do movimento independentista.
A história da Índia vai longe e, na sua parte mais moderna, foi parte do Império Mugal, do século 16 ao 18, quando os britânicos começaram a chegar por lá. E eles vieram para ficar, a ponto de o território ser governado pelo Reino Unido. Foi só em 1947 que o país se tornou independente.









Legado dessa época é o Victoria Memorial, um museu cujo prédio é da década de 1920. Aliás, a arquitetura colonial britânica é vista também nas estações de trem, um dos principais meios de transporte do país. Ali na região fica ainda a Park Street, que reúne vários cafés e butiques, mas que ganha vida mesmo à noite —nós fomos à tarde.
Um dos charmes de Calcutá são os táxis amarelos. Os veículos “Ambassadors” foram lançados lá em 1962 e continuam circulando pelas ruas. Mas os modelos antigos estão sendo substituídos por uma frota mais ambientalmente amigável (o que faz sentido em um país marcado pela poluição do ar).
Queríamos ter saído de Calcutá de trem, em direção a Raxaul, na fronteira com o Nepal, mas o feriado do Holi, o festival das cores, lotou os vagões e tivemos que viajar em um ônibus noturno (pelo menos era cama).
Varanasi
Na volta do Nepal, nosso destino na Índia era Varanasi, a cidade mais sagrada do hinduísmo. Segundo alguns adeptos da religião, seguida por 80% da população do país mais populoso do mundo, uma vida não é completa sem um mergulho no Ganges. Por isso é comum observar hindus se banhando e rezando à beira do rio a qualquer hora do dia.
Outro rito é a cremação, e aí Varanasi ganha destaque. É lá que os hindus querem deitar para o sono eterno. Ou seja, depois de morrer, as cinzas ou mesmo o corpo é levado para ser cremado lá. Dizem que as cerimônias são muito interessantes —mas nós vamos ficar devendo mais detalhes.






Lembra que voltávamos do Nepal? Estávamos mergulhados na produção do material sobre a trilha do Acampamento-base do Everest e simplesmente muito cansados. Soma-se a isso o fato de que sabemos pouquíssimo sobre o hinduísmo, então entendemos pouco do que vimos no passeio rápido que fizemos.
A maior dica para Varanasi é: contrate um guia (e olha que somos adeptos de explorar por conta própria). A segunda é: não é obrigatório ficar à beira do rio. Você pode, se quiser, mas dá para ficar mais afastado e evitar as labirínticas vielas da região ribeirinha.
Da cidade sagrada, pegamos um voo para Bangalore e de lá para o Sri Lanka. Mas ainda teríamos mais uma passagem pela Índia.
Nova Delhi
Nosso grande receio com caos era a capital, Nova Delhi. Ainda bem que nossos maiores temores não se confirmaram. Claro que ajudou o fato de termos morado cerca de uma década em São Paulo e de estar na região já havia dois meses.
O mais difícil foi escolher hotel, pois havia muita opção. Filtramos por nota, café da manhã incluído, banheiro, Wi-Fi e ainda assim foi difícil. Até porque tem muita hospedagem cometendo fraude em notas.
No fim, ficamos no Hotel Apple Inn (₹ 2.393/R$ 165), com quarto confortável, bom bufê de café da manhã e equipe bem prestativa. Dentre os passeios pela capital, há muitas opções de templos e mausoléus, como o Túmulo de Humaium, o templo Laxmi Narayan e o Askhardham, além do Forte Vermelho.





Nós fomos ao Mausoléu Safdarjung (₹ 300/R$ 20,50), mais ao sul da capital, de estilo mugal (o mesmo do Taj Mahal). O local é um oásis em meio ao movimento de Nova Delhi —mesmo que não tenha nos assustado, é uma cidade um tanto barulhenta. E o melhor: estava vazio. Aproveitamos para contemplar e ficar sentado no gramado, sem pressa.
Também fomos conferir o Museu do Primeiro-Ministro (₹ 200/R$ 13,50), que conta a história da formação da república da Índia, desde a elaboração da sua constituição até a história dos premiês que já ocuparam o cargo. Foi interessante descobrir que os Gandhi que passaram pelo comando não eram parentes de Mahatma Gandhi.
Fora isso, os 40ºC que fazia em pleno mês de abril nos desestimulou a explorar mais a capital, e nos refugiamos no Connaught Place, um grande círculo cheio de lojas, cafés e restaurantes.
Agra
Para encerrar nosso périplo indiano, a estrela do país: o Taj Mahal. Em um trem rápido e confortável, chegamos a Agra a partir de Nova Delhi. As linhas que ligam as duas cidades saem da estação Hazrat Nizamuddin, e a passagem de segunda classe com ar-condicionado custou ₹ 629 (R$ 43,50).
Escolhemos o The Vacation Villa (₹ 2.570/R$ 174,50), um dos muitos hotéis perto dos portões do Taj Mahal e com terraço para admirar uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
Depois de ler que o portão Leste tem menos movimento por ser mais afastado, às 5h40 partimos para lá sem nem tomar café da manhã (só enganamos o estômago com uns biscoitos). Os portões abrem uma hora antes do nascer do sol, e é bom chegar cedo para evitar o lugar cheio.
Por outro lado, é bom alinhar a expectativa: dificilmente o mausoléu estará vazio. Mas, indo nesse horário, dá para não só admirar a luz do crepúsculo na construção de mármore de Makrana, que fica no Rajastão, como também garantir uns cliques com o lugar parecendo vazio (ou quase).









O mausoléu construído pelo imperador Shah Jahan para sua esposa, Mumtaz Mahal, que faleceu no parto, é deslumbrante. É uma grandiosidade que se destaca num horizonte sem outras construções. Dentro, os dois amantes descansam lado a lado, e é possível comprar ingresso para entrar no local (₹ 1.085/R$ 73,50 mais ₹ 200/R$ 13,50 para entrar).
Os portões são um destaque à parte, com seu vermelho vibrante, em contraste com o branco e as inscrições do Corão em preto. Deslumbrados, encerramos nossa passagem pela Índia com chave de ouro. Ainda voltamos para Nova Delhi de ônibus (o trem vale muito mais à pena) e passamos duas noites lá. Por fim, pegamos um voo e deixamos esse grande país para trás.
7 maravilhas do mundo moderno
- Grande Muralha da China (China)
- Cristo Redentor (Brasil)
- Machu Picchu (Peru)
- Chichén Itzá (México)
- Coliseu (Itália)
- Petra (Jordânia)
- Taj Mahal (Índia)















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