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Cruzamos a Turquia de leste a oeste e nos emocionamos em passeio de balão


A Turquia conquistou um lugar especial em nossas memórias por dois grandes motivos: tivemos a nossa primeira e emocionante experiência ao passear de balão e foi onde encerramos a segunda temporada da nossa volta ao mundo, por Ásia e Oceania, após 15,5 meses de viagem.

Não temos um carinho tão grande assim pelo Kuwait, onde finalizamos a primeira temporada, por África e Oriente Médio, porque o continente-mãe nos exigiu bastante, e o país em si pouco se destacou em relação aos demais do Golfo Arábico. Já a Turquia… que lugar, hein!


Informações práticas*:
  • Média hospedagem: 1.449 ₺ (R$ 209)
  • Média café da manhã: 390 ₺ (R$ 56)
  • Média almoço: 530 ₺ (R$ 83)
  • Média jantar: 440 ₺ (R$ 63,50)
  • Visto: brasileiros não precisam de visto
  • Moeda: lira turca (R$ 1 = 6,91 ₺)
  • Dica: Os passeios de balão na Capadócia dependem muito das condições climáticas, como vento e chuva. Então recomendamos ir à região com margem de manobra, pois é possível que os voos sejam cancelados por três dias seguidos, e essa demanda represada faz os preços irem às alturas.

* valores para junho/julho de 2025 para duas pessoas


Entramos no país a partir da Geórgia —estávamos na Armênia, mas a fronteira fechada entre eles nos obrigou a ir a um território neutro— e a primeira parada foi em Trabzon. Aproveitamos a cidade para repor as energias e ver de perto o Mar Negro, com direito até a algumas corridinhas do Faraó em sua orla.

A região do parque da praça Trabzon é bastante agradável, com um calçadão cheio de lojas, casas de câmbio e pessoas transitando, assim como vários restaurantes e cafeterias. Naturalmente, fomos a elas e tivemos uma primeira impressão negativa.

Em uma, enorme e com um ambiente propício a nômades digitais, o Wi-Fi só era liberado via SMS. Ou seja, precisaríamos ter um chip turco para nos conectar, o que nos lembrou o período na Índia. Para completar, o cappuccino veio extremamente quente.

Em outra, também gigante, até tinha internet, mas era tão lenta que apenas tomamos um cappuccino, com gosto de queimado. Fomos nos acertar no Gloria Jean’s, rede dos Estados Unidos e que conhecemos em Timor-Leste. Neste, o café era bom e a internet, aberta.

Visitamos também um dos restaurantes da praça, e o escolhemos ao fugir daqueles em que o garçom fica na frente convidando para entrar, o que é um sinal de que os preços serão maiores. Mas isso não significa que não tenhamos caído numa armadilha.

Pedimos carne para dividir e o atendente perguntou o tamanho, sugerindo 500 g. Aceitamos e nos deliciamos com a fartura, mas descobrimos, quando chegou a conta, que o valor do cardápio se referia a 100 g. A refeição saiu por 1.700 ₺ (R$ 269).

O problema é que, mesmo fugindo dos estabelecimentos voltados a turistas, a comida não saiu tão barata quanto imaginávamos. Num restaurante bem familiar, com clientes locais, nosso combo de dois pratos de comida com refrigerantes ficou 600 ₺ (R$ 87). É, a Turquia não está mais tão barata quanto falavam.

Na praça, vimos ainda uma estátua de Mustafa Kemal Atatürk, chamado de pai da Turquia moderna, já que foi ele o fundador da república, em 1923. O marechal instituiu grandes reformas, como igualdade de gênero, inclusive com direito ao voto, fez do país um estado secular, separando religião e governo, e fez de Ancara a capital. O militar ficou como presidente até sua morte, em 1938.

O país nasceu do desmembramento do Império Otomano, que, em seu auge, ocupou o litoral norte da África, o sudeste da Europa e uma parte do Oriente Médio. Ele existiu do século 14 ao início do 20, quando participou da Primeira Guerra ao lado da Alemanha e do Império Austro-húngaro.

Em seus últimos anos, o sultanato, ao mesmo tempo em que recebeu de volta os muçulmanos perseguidos nos antigos territórios do Império Otomano, passou a fazer o mesmo com as etnias não-muçulmanas que ainda faziam parte de seu governo. A migração forçada de cristãos armênios, gregos e assírios resultou no genocídio desses povos.

Um dos sultões do império, Solimão, o Magnífico (para os ocidentais) ou o Legislador (para os turcos), pode ser visto na orla de Trabzon, e o Faraó presenciou uma família tirando foto junto ao grande busto do homem que governou o território por quase 50 anos no século 16.

Na cidade litorânea, tivemos o contato com algo que não víamos desde o Tajiquistão: taxímetro. Usamos o veículo ao irmos à rodoviária para nossa viagem noturna até Goreme, na Capadócia. Com grande alegria, descobrimos que há uma grande oferta de ônibus no país e demos preferência à Flixbus, empresa europeia conhecida já nossa. E nem foi preciso imprimir a passagem. Essa jornada do leste ao centro da Turquia levou 15h30min.

O emocionante passeio de balão

Viajamos para a famosa Capadócia em busca da grande experiência que é passear pelos ares, em enormes balões. Essa aventura, que aparece em 10 de 10 postagens nas redes sociais de quem visitou a Turquia, estava na nossa lista de desejos há bastante tempo.

São várias cidades na Capadócia, próximas umas às outras, e optamos por ficar em Goreme, no Kose Pension. O lugar oferece tanto quarto compartilhado quanto particular, e tivemos ainda café da manhã incluído em nossa diária (1.583 ₺/R$ 230). Lá mesmo falamos com o gerente e reservamos nosso passeio, com a Istanbul Balloons.

O legal é que ele mandou a real já no início: por causa do mau tempo nas últimas três manhãs, os balões não estavam decolando e o preço inflacionou para US$ 200 (R$ 1.086). Entretanto, se aguardássemos um dia, o valor cairia para US$ 100 (R$ 543). O Faraó até perguntou se, para a terceira manhã, poderíamos achar por US$ 50 (R$ 271,50), mas o turco avisou que chegaria um grupo grande de turistas. É a famosa lei da oferta e da procura.

Assim, aproveitamos o centrinho de Goreme e seus muitos cafés para saborear a bebida e, obviamente, trabalhar. O legal foi, na manhã seguinte, ouvir logo cedo um barulho diferente e, ao olhar pela janela, ver balões nos ares. Saímos para a rua e ficamos um tempo admirando o colorido do céu.

Mais tarde, passeamos por entre as formações rochosas, com cavernas que parecem ser lar de turcos até hoje. Também aproveitamos o pôr do sol para conferir a vista de um mirante, admirando o terreno árido e de arquitetura natural única.

No dia em questão, estávamos às 4h em frente ao hotel, à espera da van. Passamos ainda em outras hospedagens até o veículo se encher e seguir para o ponto de partida. Enquanto podíamos comer biscoitinhos e tomar chá, os balões foram inflados. Assim que ficaram prontos, subimos no grande cesto, dividido em blocos para quatro pessoas. Algo que desconhecíamos era a existência de cintos de segurança ali dentro, presos ao piso, mas grandes o suficiente para que pudéssemos perambular pelo nosso quadrado.

Logo o bichão levantou e o Faraó logo ficou alegre, já que, com medo de altura, achava que seria tudo instável lá no alto. O avião entre Katmandu e Lukla, no Nepal, mexia muito mais que o balão! Agora, nos céus da Turquia, era tudo paz e tranquilidade. Enquanto navegávamos pelos ares, vimos muitos outros dirigíveis, coloridos, também perambulando por ali.

Em dado momento, o Sol surgiu de trás das pedras, num espetáculo que dificilmente sairá da nossa mente.

Quando menos percebemos, o balão começou a descer e aí vimos a precisão do piloto em encaixar o cesto na caçamba de uma camionete, num local que não era o mesmo de onde partimos. Teve um brinde com espumante sem álcool, da região, para comemorar nossa uma hora de passeios. Ganhamos também certificados pela aventura e fomos levados de volta para as hospedagens. Tudo isso antes das 7h da manhã.

Tínhamos a intenção de sair de Goreme, no centro do país, em direção ao Mar Mediterrâneo, mas os preços das hospedagens em julho, no verão europeu, nos desencorajaram. Assim, embarcamos em outro ônibus noturno em direção ao extremo oeste, para Istambul. Nessa viagem, que levou 10 horas, ainda vimos, no meio da madrugada, os prédios iluminados e modernos da capital, Ancara.

Istambul, separada em Ásia e Europa

Bizâncio, Augusta Antonina, Nova Roma, Constantinopla. Todos antigos nomes de Istambul, que já foi capital dos impérios Bizantino e Otomano e perdeu o cargo no nascimento da República da Turquia. Ainda é a maior cidade do país, com cerca de 15 milhões de habitantes, quase 20% da população turca. O curioso é que, por causa do estreito de Bósforo, ela se divide em dois continentes: Ásia e Europa.

O ônibus nos deixou na parte asiática, próximo a unidades do Starbucks, McDonald’s e Burger King. Foram necessárias duas linhas de metrô e uma de trem suburbano, que cruza o estreito, para chegarmos ao hotel, no lado europeu. Enquanto conseguimos pagar os primeiros veículos com aproximação do nosso cartão, o último nos exigiu ir a um totem. Tudo muito limpo e eficiente, como adoramos.

Testemunha de séculos de história, é natural que Istambul tenha muitos prédios importantes. O mais famoso é a Santa Sofia, ou Hagia Sophia, igreja erguida por Constantino em 325 e transformada em mesquita em 1453. De 1930 a 2020, foi utilizada como museu, mas voltou a ser um templo muçulmano desde então. É possível passear por seu interior (1.200 ₺/R$ 173,50) e contemplar a enormidade do lugar.

A poucos passos de lá estão a Mesquita Azul, também bela e bastante conhecida mundo afora, e a Cisterna da Basílica, ou Yerebatan Saray, que serviu de cenário no livro/filme “Inferno”, de Dan Brown. Não muito longe fica o Grande Bazar, uma grande galeria com lojas de roupas, joias e suvenir.

Como muita gente se hospeda do lado europeu, próximo a essas atrações, um passeio comum é cruzar o estreito de Bósforo, de balsa (70 ₺/R$ 10), e caminhar pelo lado asiático.

Curiosamente, foi nessa parte da cidade que finalmente provamos o café turco, um patrimônio da Unesco. Já havíamos experimentado em 2013, numa rápida passagem pelo aeroporto de Istambul a caminho da Rússia, e tínhamos odiado. Agora, já cientes de que deve-se esperar o pó assentar no fundo da xícara, demos uma segunda chance e o veredito foi bem diferente.

Por falar em aeroporto, ele se tornou um importante hub regional, bastante influenciado pelo crescimento da Turkish Airlines, a companhia aérea nacional. Passamos por ele no início desta segunda temporada, numa conexão entre Paris e Moscou, já que voos diretos da Europa pra Rússia estão cancelados devido à invasão da Ucrânia.

Curiosamente, quando finalmente viajamos de fato pela Turquia, entramos e saímos do país por terra. Isso porque as passagens aéreas para a Espanha, onde queríamos terminar de escrever o livro sobre essa temporada, estavam caras. Seria mais barato pegar um trem noturno (1.957 ₺/R$ 280) até Sófia, capital da vizinha Bulgária, e voar a partir de lá para Barcelona.

Assim, em uma travessia de fronteira madrugada adentro, encerramos esse delicioso ciclo da nossa volta ao mundo. Com uma aventura nos ares, quase no fim de tudo, e que muito nos emocionou.

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